sábado, 10 de maio de 2008

Uma homenagem

Quantas vezes reclamamos, julgamos ou condenamos alguém pelo simples fato de não sermos tão próximos a ele. Essa falta de proximidade também é chamada afinidade. O escritor Artur da Tavola escreveu algo sobre o assunto. O post de hj é uma homenagem a ele, simplesmente isso.

Uma homenagem póstuma ao jornalista, escritor e político Artur da Távola, que morreu ontem em decorrência de um enfarte. Descanse em paz!!!!
Afinidade
Artur da Távola
Afinidade é um dos poucos sentimentos que resistem ao tempo e ao depois.
A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos.
É o mais independente também.
Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto em que foi.
Ter afinidade é muito raro.
Mas, quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram
de estar juntas.
Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavras.
É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.
Afinidade é sentir com,Não é sentir contra,Nem sentir para,Nem sentir por,Nem sentir pelo.
Sentindo, é olhar e perceber.
É mais calar do que falar, ou, quando é falar, jamais explicar: apenas afirmar.Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças.
É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidades.Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação.Porque tempo e separação nunca existiram.Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida.

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